Vista do canyon, que fica nos fundos da propriedade, onde mantemos a reserva ecológica.

A altura total deve ficar proxima dos 120 metros, e na foto a "cuesta" aparece com apenas 1/3 da altura real, devido à vegetação que bloqueia a visão.

Temos outra cascata,à esquerda da foto, e desta me sinto meio pai,(ver fotos abaixo) pois consegui perenizar as minas de agua que a abastecem, antes na maior parte do ano servia apenas para curso das enxurradas em época de chuva, fora das chuvas ficava seca, e hoje não recebe mais agua de enxurrada, e corre constantemente uma aguinha pequena mas limpa, e fresquinha, graças ao aumento na área reflorestada na sua nascente, e o bombeamento dela para áreas mais superiores.

A Chácara fica a esquerda, e no patamar superior, e todo vale abaixo ainda tem boa parte da vegetação nativa, e há 26 anos estamos deixando que essa vegetação vá invadindo a parte superior, que antes era uma floresta de eucaliptos, que margeava a escarpa, mas sem espécies nativas sob ela. Os eucaliptos devido ao solo raso, pelas rochas quase aflorando, em periodos muitos chuvosos, e com ventos fortes, estão caindo e dando aos poucos lugar às espécies nativas.

Isso tem atraido, muitos animais silvestres, que transformaram este pequeno espaço preservado, em refúgio.

Alguns deles apenas usam para pernoite ou reprodução, pela segurança que oferecem, como é o caso da garça Maria Faceira, que há anos pernoita e nida nas árvores, mas passa o dia em outras regiões, e ao amanhecer saem voando, para retornar quase ao escurecer, e apenas em epocas de procriação ficam durante o dia recolhendo gravetos, para construir o ninho.

Outros vivem constantemente aqui, e se alimentam do que tem disponível, como as saracuras "Três Potes" que pescam seu alimento em nossos tanques de peixes, ou de insetos da mata, ou mesmo com sobras de grãos e alimentos de nossos animais domésticos. Em época de acasamento, elas fazem um bonito côro, durante o dia e principalmente durante a noite, e este côro soa aos meus ouvidos como um agradecimento delas a acolhida que posso proporcionar, mesmo que elas se mostrem arredias ao nossos olhares, mas sempre conseguimos por acaso surpreender um casal, quando estamos trabalhando em silêncio, em tanques próximos à reserva.

Também os tatus-galinha, encontraram um lar seguro, ou quase porque às vezes se aventuram em procurar alimento, na criação de minhocas, sob o coelhário, e levam um carreirão dos cães, mas sem consequências graves, pois saindo da área considerada por eles como seu terrritório, param a perseguição.

O mesmo ocorre com o bando de macacos prego, que insistem em saquear ovos no galinheiro, ou frutas que estejam fora da área da reserva, só que os macacos, são provocadores, e ficam em cima das árvores, jogando pedaços de galhos de árvores nos cães, como que os desafiando a subir nas árvores. Eles tem uma incrivel agilidade, e ousadia, chegam a saquear ovos há 5 metros de distância de nós, e correr em cima de um fio de arame de cerca se equilibrando usando apenas os pés, e tendo nas mãos ovos de galinha, e o pior, olhando de lado, para ver se ninguém vai reagir. Na época de fartura de frutas domésticas eles aparecem apenas de vez em quando, mas em época de inverno quando as fruteiras dos pomares diminuem a oferta de alimento, é na mata nativa que devem encontrar algum alimento, porque ficam por aqui o tempo todo.

Quatis, tamanduás-mirim, gambás, ouriços, lontras, ariranhas, gato mourisco, ratos silvestres, lebres, e preás, também são muito comuns, embora mais difíceis de serem observados, pelo hábitos noturnos, e por serem mais arredios.

Existem também muitos pássaros, e a maioria deles eu nem tenha visto ainda, apenas ouço o canto. Mas estes serão fotografados depois que possuir um equipamento fotográfico próprio para longo alcance.

No inverno, aparecem garças brancas solitárias, a procura de peixes, e no verão quem aparecem são os socós que chegam aos casais vindos não sei de onde, e fazem a festa com os peixes fáceis nos tanques dos lebistes, e também quem aparece sempre no verão é o Martim pescador, que se apossa da área.

Periquitos e maritacas, dividem cupins, com abelhas meliponineas, e parecem coabitar sem problemas. E na realidade a casa de um hábil construtor acaba virando hospedagem para mais 2 espécies, e às vezes ainda tem o infortunio de ter o lar atacado e ainda servir de alimento a um Tamanduá mirim esfomeado, que com suas garras escava e destroi boa parte do cupinzeiro.

Esses animais maiores acho que todo mundo conhece, pelo menos em parte, mas o que me fascina são as pequenas espécies, que quase sempre passam anos ao nosso lado e não as percebemos, mas assim que são notadas, ah!... ai viram modêlos fotográficos, e vão parar nesta secção do site.E deve ter muita coisa a descobrir e fotografar ainda.

Mas o Xodó da chácara é uma porquinha espinho(Soneca), que foi criada desde o dia do nascimento com leite de cabra, e agora embora esteja livre e fique na reserva, a cada 2 ou 3 dias, vem à noite(madrugada), em busca de uma suplementação extra de alimento (na maioria deles coisa que a mata não oferece...pão ensopado com café com leite, melão, castanha de caju, amendoas) e para que tenha livre acesso sempre a porta da cozinha pernoita aberta para que entre, e até os cães já fazem festa com a chegada dela, pois ela além de derrubar migalhas de pão, sempre deixa restinhos que lógico, acabam sendo dados a eles....tem uma das cadelinhas que chega a ter um frenesi quando a vê chegar, de tanta felicidade. Para mostrar que chegou e nos acordar, pois sempre chega de madrugada, ela derruba utensilios, abre torneiras, e as vezes até garrafas que estão sobre os móveis na sala.

Para nosso consumo, ainda criamos galinhas, cabras, coelhos, peixes de corte, e plantamos boa parte dos alimentos de forma orgânica...dá muito trabalho, conciliar tudo, mas como nos divertimos fazendo tudo isso, tudo fica bem mais fácil e prazeiroso. O segredo é mudar de atividades, sempre que possivel, assim tudo se transforma em lazer, e nisto se inclui o cultivo de vasos de plantas para jardim e bonsais. Em suma, temos atividade para as 24 horas do dia, e tudo como diversão.